Como construir uma marca política forte em 5 passos
Descubra como criar uma marca política forte com autenticidade, estratégia e engajamento. Entenda o que a polêmica da xícara de R$300 revela sobre isso.
Ale Staudt
6/29/20254 min read


O que uma xícara de R$300,00 revela sobre marcas políticas?
É inverno no Brasil, o consumo de café está aquecido no mundo todo, os preços dispararam, e eu vim falar de política e de uma xícara de R$300,00. Sim, você leu certo. A história começou com um vídeo viral mostrando uma xícara de porcelana encontrada em um café simples na Tailândia, idêntica às comercializadas por uma grife brasileira de luxo, a Tania Bulhões. A diferença? O preço. Lá fora, o café servido na xícara custou R$ 5,00. Aqui, no Brasil, a peça em porcelana é vendida por até R$ 300,00 com a marca estampada, claro.
A repercussão foi imediata. A marca foi questionada, duvidada, confrontada. E a pergunta que ficou foi: o que faz um objeto banal se transformar em item de desejo? A resposta está no poder da marca, e é aí que a política entra.
Marcas políticas também são construídas (ou destruídas)
No mesmo período, outro fato ganhou as redes: o prefeito do Recife, João Campos, apareceu com os cabelos descoloridos no estilo “nevou”, tendência popular nas periferias e que viralizou entre os jovens. A atitude dividiu opiniões, mas gerou o efeito que importa para qualquer figura pública: reforçou seu posicionamento, conectou com seu público e atraiu atenção.
De um lado, uma empresária acusada de vender um produto "comum" a preço de ouro. Do outro, um político que assumiu um estilo para se aproximar da juventude e do povo. Ambos tomaram decisões que afetaram suas marcas, e os resultados foram radicalmente diferentes.
O que isso ensina? Que a percepção do público é tudo. Credibilidade, coerência e posicionamento definem se sua imagem será valorizada ou desvalorizada.
Política é posicionamento
Se você não se posiciona, os outros fazem isso por você. E, na política, isso pode custar uma eleição ou um mandato.Os nomes mais lembrados da política não são, necessariamente, os que têm os melhores projetos. São os que têm identidade clara, discurso coerente e imagem consistente. São marcas fortes, reconhecíveis, que comunicam uma ideia com clareza.
E isso vale tanto para Barack Obama quanto para Lula, Bolsonaro, Zelensky ou o vereador da sua cidade. Quem não constrói sua marca acaba rotulado por adversários.
Os 5 pilares de uma marca política forte
Construir uma marca política forte é um processo estratégico. Não se trata apenas de fazer postagens bonitas ou discursos bem escritos. É sobre criar uma identidade clara, memorável e coerente, que conecte com as pessoas e resista ao tempo e às crises.
Veja os cinco pilares essenciais:
1. Identidade clara
O que você representa? Qual é a sua principal bandeira? Se você tenta falar de tudo, ninguém vai lembrar de nada. A clareza é o primeiro passo para a lembrança. Exemplo: Eduardo Leite se posiciona como um gestor técnico e moderno. Já Romeu Zema reforça a imagem de empresário que levou eficiência à gestão pública.
2. Coerência entre discurso e ação
Falar é fácil. Cumprir é outra história. O eleitor percebe rapidamente quando há desalinho entre o que se diz e o que se faz. Exemplo: Ciro Gomes sempre defendeu um projeto econômico consistente, mantendo essa linha ao longo dos anos. Essa constância reforça credibilidade.
3. Diferenciação no cenário político
O que faz você único? Sua história, sua linguagem, seu jeito de governar? Descubra esse diferencial e comunique com firmeza. Exemplo: Gabriel Boric, no Chile, foi além do discurso jovem. Ele vive o que prega. No Brasil, João Doria se destacou ao trazer a lógica empresarial para o governo.
4. Comunicação visual e verbal consistente
Cores, roupas, tom de voz, gestos, palavras. Tudo comunica. Marcas políticas fortes têm estética alinhada com o que representam. Exemplo: Jacinda Ardern construiu uma comunicação empática com linguagem acessível. Trump reforça sua imagem de força com tons fortes e discurso combativo.
5. Presença digital e engajamento real
Redes sociais não são só vitrines. São canais diretos com o eleitor. Ignorar esse ambiente é ficar invisível para boa parte do público. Exemplo: Alexandria Ocasio-Cortez transformou suas redes em um espaço de diálogo direto, com lives, bastidores e participação constante.
O que pode destruir sua imagem?
A construção de marca é um trabalho de longo prazo. Mas a destruição pode ser rápida. Algumas atitudes comprometem a credibilidade com facilidade:
Mudar frequentemente de discurso passa a impressão de oportunismo
Prometer o que não se pode cumprir cria frustração e desconfiança
Manter distância do público gera rejeição
Ignorar as redes sociais deixa espaço aberto para narrativas adversárias
Conclusão: ou você cuida da sua marca, ou alguém vai definir por você
Uma marca política forte não nasce do improviso. Ela exige intenção, estratégia, planejamento e constância. É a soma de ações visíveis e invisíveis, de símbolos, discursos e atitudes. É o que vai fazer com que as pessoas lembrem de você e escolham você.
Se você atua na política ou no setor público, pare e se pergunte: a minha imagem reflete aquilo que eu defendo?Se a resposta for “não sei” ou “mais ou menos”, está na hora de repensar.
E se você quer se aprofundar ainda mais nesse tema, acompanhe os próximos episódios do Govcast. No próximo, vamos falar sobre storytelling na política e como contar sua história de forma envolvente para conquistar o eleitor.
Porque no fim das contas, assim como no caso da xícara, o que está em jogo não é o objeto. É a percepção. É o valor que as pessoas atribuem. E isso, você pode e deve construir com estratégia.
